quarta-feira, 15 de junho de 2011

O doce sabor da diversão

Junto ao litoral brasileiro, as lagoas são abundantes. Pequenas depressões preenchidas por água de chuva ou do mar até volumes d`água de grande extensão, esses mananciais pontilham a costa do País. Em particular no Ceará, proliferam junto aos verdes mares e ganham novos contornos.

Mais que apenas reservatórios de água que garantem a vida ao seu redor, as lagoas viraram palco de celebração da vida. O doce das águas tempera a diversão e proporciona novos sabores para o turismo. Os radicais se esbaldam na prática de esportes náuticos, enquanto outros descansam em redes dentro d´ água.

Num passado distante, quem residia próximo ao litoral logo se deu conta da importância da preservação das lagoas situadas junto ao mar para a sobrevivência. Afinal, fornecem água doce para muitas necessidades, além de alimentos em forma de peixes.

Mas, hoje, os tempos são outros. As lagoas atravessaram séculos, sobreviveram a intempéries e a ações predatórias do homem. Como recompensa, muitas delas ganharam um adjetivo todo especial. Em pleno século 21, quando o Ceará ainda vive problemas de abastecimento de água, as lagoas não são meros reservatórios em meio a dunas que mudam sua forma ao desígnio do vento.


São verdadeiras dádivas divinas para amantes de um turismo tranquilo e para os apaixonados por esportes náuticos. Salpicadas ao longo da costa cearense, de Leste a Oeste, as lagoas lembram sereias à beira-mar por suas formas harmônicas e muito mais pelo misticismo guardado em suas águas.

Desfilam Uruaú, Parnamirim, Banana, Cauípe, Cristalinas, Almécegas, Torta, Paraíso e outras ainda no anonimato. Mas, diferente dos seres mitológicos, o encantamento das lagoas surge do movimento suave das águas cristalinas que atraem gente de todas as idades para o banho refrescante e mergulhos divertidos.

Desportistas também fazem a festa nos mananciais, em especial os kitesurfistas. Eles garantem ter descoberto paraísos para a modalidade, aliando a força do vento com o surfe nas águas tranqüilas. Em manobras radicais integram ar e água na direção de suas pipas coloridas. O coração dispara, enquanto as lagoas se vestem de novos matizes e o turismo cristaliza-se refletido nos espelhos d´água.

Fonte: http://www.mercadocentraldefortaleza.com.br/index.php

Renda cearense no mercado internacional

A tradicional renda cearense caiu nas graças dos consumidores internacionais e estão sendo comercializadas para a Espanha. Artesãos dos municípios de Limoeiro do Norte, Trairi e Carquejo (Sobral) participaram, no Sebrae, de uma rodada de negócios com representantes do grupo espanhol El Corte Inglês, uma das maiores cadeias de lojas de departamento da Europa. A rodada de negócios também contou com a participação de 12 grupos de artesãos pernambucanos.

De acordo com a gestora do Artesanato do Sebrae Ceará, o interesse dos compradores espanhóis é nas tipologias renda, filó e tecelagem. Ela explica que, foram enviadas fichas dos produtos cearenses, com fotos, para os compradores espanhóis. “A rodada de negócios foi um momento de realização de compra e venda. É uma oportunidade para os artesãos terem contato direto com esses compradores internacionais”, afirma.

A gestora do Sebrae conta que a iniciativa do encontro de negócios partiu do próprio El Corte Inglês, que encaminhou a demanda ao Instituto Cearense de Artesanato (ICA). Em parceria com o Sebrae/CE, que mantém um programa de internacionalização de pequenas empresas e prepara os artesãos para o mercado internacional, foi articulada a rodada de negócios.


Fonte: http://www.mercadocentraldefortaleza.com.br/index.php

Sertão cearense lucra com turismo de aventura

Foto: Cláudio Brisighello
A região quente e montanhosa do município de Quixadá, no sertão cearense, atrai todos os anos, atletas e esportistas de todo o País.

São visitantes que vão em busca da vegetação seca da caatinga e do turismo de aventura, que oferece escalada, vôo livre, rapel, arvorismo, canoagem, motocross e mountain bike. Com apoio do Sebrae, empresários da região uniram forças, se especializaram e agora fazem bons negócios com a atividade no Ceará.

A proprietária do Restaurante Sabores do Sertão, Altani Carvalho, montou um restaurante de comidas típicas, onde são servidos 32 pratos diferentes. Todos os funcionários do lugar receberam treinamentos. Hoje, ajudam na produção da buchada de carneiro, do guisado de capote e da carne de sol, os três pratos mais procurados pela clientela do restaurante.

Além da comida, o município é um dos melhores lugares do mundo para a prática do vôo livre por causa das altas montanhas e dos ventos fortes. O empresário Antônio Carlos abriu o Hotel Fazenda Pedra dos Ventos, para receber os praticantes do esporte que visitam a região. Pensando nos benefícios que a prática de outro esporte, o rapel, poderiam trazer, o ex-oficial do Exército Adão Mazera também abriu seu próprio negócio e criou uma agência de ecoturismo. Esse é o esporte mais procurado e a agência também oferece caminhadas monitoradas.

 
Apoio

Há dois anos, o Sebrae no Ceará promove ações para apoiar o desenvolvimento e o fortalecimento do turismo e do esporte de aventura nos municípios de Quixadá e Quixeramobim, os dois localizados no sertão central do Estado. O público-alvo são empreendedores de hotéis, pousadas, restaurantes, lanchonetes, transportadoras, guias e artesãos locais. Além de treinamentos e consultorias, a Instituição realiza eventos, promove acesso a financiamento e estimula o associativismo. A meta é dobrar o número de turistas na cidade até o fim do ano.

Fonte: uol.com.br

Mugunzá com carne de sol é receita genuinamente sertaneja

Quem dá a receita é Ana Rita Dantas Suassuna, que registrou em livro pratos da culinária do Sertão e sabores nordestinos envoltos em cultura e tradição

por Hanny Guimarães | Fotos Rogério Voltan
Mão de vaca, titela, doce de pobre, mugunzá. É assim que o sertanejo nomeia, respectivamente, o mocotó, o peito de galinha, a rapadura e a canjica de milho. Como legítima representante do Sertão, é também dessa forma que Ana Rita Dantas Suassuna reconhece os ingredientes que fazem parte de sua vida – e agora de seu primeiro livro, a Gastronomia sertaneja: receitas que contam histórias.

Se os nomes já indicam diferenças, a cultura e as fortes tradições nordestinas que envolvem o preparo desses e de tantos outros alimentos os distinguem ainda mais de como são apresentados Brasil afora. No Semiárido revelado por Ana, determinadas receitas podem ser adaptadas conforme a disponibilidade de produtos que caracterizam tempos de fartura (inverno) ou períodos de seca.

Criada na Fazenda São Pedro, no interior de Pernambuco, foi brincando de cozinhado (farra que reunia a criançada em tarefas de casa nas férias) que a paraibana de Taperoá aprendeu os afazeres saborosos. Entre primos e amigos, a comilança tinha cardápio definido com antecedência e despensa liberada. Nem a mudança para o Recife – e, anos depois, para a capital do país – fez com que Ana abandonasse os sabores do Sertão. “Aprendi a preparar todas as comidas do cotidiano lá. Era a escola de cozinha que tive na infância e, mesmo depois que fui para Brasília, continuei cozinhando muitas coisasdo sertanejo – mas completando com outros ingredientes, porque era outra cidade, outros hábitos, outro estilo de vida”, conta.

A culinária substanciosa de Ana Suassuna conquistou chefs estrelados e virou livro
A substanciosa comida que acompanha Ana acabou por conquistar renomados chefs paulistas. Em um jantar preparado por ela, em 2007, para cozinheiros estrelados, seu cardápio fez bonito. Os comensais, especialistas em comida brasileira, se lambuzaram com maxixada e carne de sol, ensopado de quiabo e jerimum, feijão verde com farofa de cuscuz, mel de rapadura com inhame. Tudo feito com simplicidade e cozimento lento, características das refeições sertanejas. Após o banquete, todos a estimularam a produzir um livro documentando iguarias como as apresentadas naquela noite. Mas a modesta senhora não achou que uma publicação com os quitutes do Sertão pudesse interessar. “O Alex Atala (chef e proprietário do conceituado restaurante D.O.M.) e os demais ficaram me cobrando. Mas, imagina: mulher, velha, indo atrás de patrocinador para publicar comidas que, em geral, as pessoas desconhecem... Pronto, não iria acontecer.” Aconteceu: três anos depois, a obra foi lançada na Bienal do Livro de São Paulo.

O jantar lhe rendeu não apenas um livro, mas amizades como a do chef Rodrigo Oliveira, do restaurante paulistano Mocotó, com quem Ana mantém afinidades culinárias. Em sua cozinha, o jovem de origem nordestina deu continuidade ao trabalho iniciado pelo pai, seu Zé Almeida, aperfeiçoando os sabores de tal maneira que hoje dezenas de pessoas aguardam horas para conseguir uma mesa no almoço do Mocotó nos finais de semana. “Ele preserva e atualiza a comida do sertanejo”, diz a “mestra”, que é como Rodrigo carinhosamente se refere a Ana.

Para produzir um mugunzá com carne de sol, receita que ilustra esta reportagem, Ana e Rodrigo dividiram o fogão na cozinha experimental do Mocotó. Para ele, a tradição deve continuar evoluindo, “senão, ela seperde, some”. E Ana não tem dúvidas: “A tendência de valorização do que é local vai fortalecer a gastronomia regional”.

PARA LER: Cozinha Sertaneja: receitas que contam histórias, Ed. Melhoramentos, R$ 149. Para comer: Mocotó – Restaurante e Cachaçaria: Av. Nossa Senhora do Loreto, 1.100, Vila Medeiros, São Paulo, SP 
 
MUGUNZÁ COM CARNE DE SOL OU CHARQUE 
Serve: quatro pessoas | Tempo de preparo: cerca de quatro horas | Dificuldade: baixa


INGREDIENTES
400 g de carne de sol ou charque
2 xícaras (chá) de mugunzá (canjica de milho amarelo)
2 colheres (sopa) de manteiga
1 cebola pequena ralada
2 folhas de louro
Pimenta-do-reino e sal a gosto

COMO FAZER
Coloque a carne de molho e troque a água fria três ou quatro vezes (de meia em meia hora), para dessalgar. Corte a carne em cubinhos. Lave o mugunzá e coloque de molho com água suficiente para cobri-lo. Frite a carne na manteiga, acrescente a cebola ralada e a pimenta-do-reino. Junte o mugunzá com a água em que está de molho e as folhas de louro. Deixe em fogo baixo até que a carne e o milho estejam macios. Se necessário, acrescente um pouco de água quente para completar o cozimento. Ajuste o sal e sirva ainda quente. 


Texto publicado no site da Revista Globo Rural, disponível em http://revistagloborural.globo.com/